domingo, 6 de fevereiro de 2011

A vaidade

Ficheiro:Allisvanity.jpg
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"Tudo É Vaidade", de C. Allan Gilbert, nos lembrando que a beleza é tão apenas transitória à luz da nossa própria mortalidade
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"A vaidade quer aplauso."
 (Massimo D'Azeglio)
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A vaidade (chamada também de orgulho ou soberba) é o desejo de atrair a admiração das outras pessoas. Uma pessoa vaidosa cria uma imagem pessoal para transmitir aos outros, com o objetivo de ser admirada. Mostra com extravagância seus pontos positivos e esconde seus pontos negativos.
A vaidade é mais utilizada também hoje para estética, visual e aparência da própria pessoa.
 A imagem de uma pessoa vaidosa estará geralmente em frente a um espelho, a exemplo de Narciso.
Uma pessoa vaidosa pode ser gananciosa, por querer obter algo valioso, mas é só para causar inveja aos outros.
O que pelas lentes de alguns é asseio, glamour, fantasia, amor ao belo ou elevação da auto-estima, pelas lentes de outros pode ser (ou parecer) vaidade.
Nos Ensaios de Montaigne há um capítulo sobre vaidade.
 Um escritor brasileiro, Flávio Gikovate, tem se dedicado a analisar a influência da vaidade na vida das pessoas e seus impactos na sociedade.
A vaidade é considerada o mais grave dos pecados capitais.
É a expectativa de que as pessoas venham preencher as nossas necessidades.
 É também querer parecer alguma coisa, para ter uma resposta positiva dos outros.
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Vamos por partes para termos noção do que é admiração:
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Admiração (do latim admirari) é um sentimento de assombro, surpresa ou espanto diante de uma situação.
Na Filosofia, a «admiração» ou «espanto» é o princípio fundamental para começar a filosofar, ou seja, é um processo atractivo através do qual não passamos indiferentes perante qualquer coisa, colocando-nos em movimento, partindo de coisas simples para coisas mais complexas, terminando no conhecimento de si, como desconhecendo-se («só sei que nada sei», Sócrates) ou desconhecendo as coisas. 
Assim, admirar-se perante qualquer coisa é ter a capacidade de problematizar o que parecia evidente, procurando esclarecer o que se apresenta como obscuro.
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Agora vamos saber o que é estética:
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Estética (do grego αισθητική ou aisthésis: percepção, sensação) é um ramo da filosofia que tem por objeto o estudo da natureza do belo e dos fundamentos da arte.
 Ela estuda o julgamento e a percepção do que é considerado belo, a produção das emoções pelos fenômenos estéticos, bem como: as diferentes formas de arte e da técnica artística; a idéia de obra de arte e de criação; a relação entre matérias e formas nas artes. 
Por outro lado, a estética também pode ocupar-se do sublime, ou da privação da beleza, ou seja, o que pode ser considerado feio, ou até mesmo ridículo.
Estética Normativa: É o campo da filosofia que enriquece nas letras, no corpo e nas pinturas.
Estética Profana: É o campo estetico consitituido por dois polos:a sensação de um corpo nu e o julgamento em que no ser humano provoca atrito olhar orgãos genitais.
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Agora vamos ver o que é a aparência:
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Aparência é o aspecto ou aquilo que se mostra superficialmente ou à primeira vista.
Filosofia
Basicamente, há duas variedades de visões filosóficas sobre a relação entre realidade e aparência: a visão da aparência como tudo a que temos acesso cognitivo direto, típica do idealismo, e a visão da aparência como o aparecer da realidade, típica do realismo.
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Idealismo
A relação entre aparência e realidade pode ser problematizada, pois é argumentável que só temos acesso a como as coisas aparecem, e nada do que aparece diz como as coisas são em si mesmas.
Por exemplo, a cada pessoa que está ao redor de uma mesa retangular, seu tampo aparece com um formato diferente. 
O lado mais próximo parece maior, o lado mais distante parece menor. 
A cada um parece que as bordas laterais do tampo formam uma linha que se encontra em um ponto distante (perspectiva). 
No entanto, a mesa tem um formato único, que não se modifica com nosso movimento, e que não muda por haver alguém observando. 
E as linhas das suas laterais são paralelas, não se encontram em um ponto distante. 
Assim, a mesa real não é como aparece, e o que aparece não é o que a mesa é.
Realismo
A relação entre aparência e realidade não é problemática, pois a aparência ou fenômeno é a apresentação das coisas a nós. 
Ao aparecerem a nós, as coisas se apresentam, de modo que, havendo aparência, usualmente há algo que aparece. 
As coisas podem se apresentar diretamente, ou através de indícios ou sintomas, ou pode ser apresentada uma propriedade que a coisa não tem.
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Ficheiro:Michelangelo Caravaggio 065.jpg
Narciso (1594-1596), por Caravaggio.
Quem era Narciso?
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Na mitologia greco-romana, Narciso ou O Auto-Admirador (Língua grega: Νάρκισσος), era um herói do território de Téspias, Beócia, famoso pela sua beleza e orgulho.
 Várias versões do seu mito sobreviveram: a de Ovídio, das suas Metamorfoses; a de Pausânias, do seu Guia para a Grécia (9.31.7); e uma encontrada entre os papiros encontrados nos Papiros de Oxirrinco, ou Chenoboskion, também chamada Oxyrhynchus. 
Era filho do deus-rio Cefiso e da ninfa Liríope. 
No dia do seu nascimento, o adivinho Tirésias vaticinou que Narciso teria vida longa desde que jamais contemplasse a própria figura.
Pausânias localiza a fonte de Narciso na "cama de juncos" em Donacon, no território dos Téspios. 
Pausânias acha incrível que alguém não conseguisse distinguir um reflexo de uma pessoa verdadeira, e cita uma variante menos conhecida da história, na qual Narciso tinha uma irmã gémea.
 Ambos se vestiam da mesma forma e usavam o mesmo tipo de roupas e caçavam juntos.
 Narciso apaixonou-se por ela. 
Quando ela morreu, Narciso consumiu-se de desgosto por ela, e fingiu que o reflexo que via na água era a sua irmã. 
Onde o seu corpo se encontrava, apenas restou uma flor: o narciso.
Como Pausânias também nota, outra história conta que a flor narciso foi criada para atrair Perséfone, filha de Deméter, para longe das suas companheiras e permitir que Hades a raptasse.
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Ficheiro:Nicolas Poussin 040.jpg
Narciso e Eco (1629-1630), de Nicolas Poussin.
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Narciso e Eco
Uma ninfa bela e graciosa tão jovem quanto Narciso,chamada Eco e que amava o rapaz em vão. 
A beleza de Narciso era tão incomparável que ele pensava que era semelhante a um deus, comparável à beleza de Dionísio e Apolo. 
Como resultado disso, Narciso rejeitou a afeição de Eco até que esta, desesperada, definhou, deixando apenas um sussurro débil e melancólico.
 Para dar uma lição ao rapaz frívolo, a deusa Némesis condenou Narciso a apaixonar-se pelo seu próprio reflexo na lagoa de Eco. 
Encantado pela sua própria beleza, Narciso deitou-se no banco do rio e definhou, olhando-se na água e se embelezando. 
As ninfas construíram-lhe uma pira, mas quando foram buscar o corpo, apenas encontraram uma flor no seu lugar: o narciso.
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Versão arcaica
Esta, uma versão mais arcaica do que a contada por Ovídio nas suas Metamorfoses, é um conto moral no qual o orgulhoso e insensível Narciso é punido por ter desprezado todos os seus pretendentes masculinos. 
Pensa-se que era um conto de aviso dirigido aos rapazes adolescentes.
 Até recentemente, a única fonte desta versão era um segmento em Pausânias (9.31.7), cerca de 150 anos após Ovídio.
 Contudo, um relato muito parecido foi descoberto entre os papiros de Oxyrhynchus em 2004, um relato que antecede a versão de Ovídio por pelo menos quinze anos.
Nesta história, Amantis, um jovem, amava Narciso mas era desprezado.
 Para se livrar do chato Amantis, Narciso deu-lhe uma espada de presente. Amantis usou essa espada para se matar à porta de Narciso e rogou a Némesis que Narciso conhecesse um dia a dor do amor não correspondido. Esta maldição foi cumprida quando Narciso ficou encantado pelo seu reflexo na lagoa e tentou seduzir o belo rapaz, não se apercebendo de que aquele que ele olhava era ele próprio. 
Completando a simetria do conto, Narciso toma a sua espada e mata-se por desgosto
Diferentes versões da história dizem que Narciso, após desdenhar os seus pretendentes masculinos, foi amaldiçoado pelos deuses para amar o primeiro homem em que pousasse os olhos. 
Enquanto caminhava pelos jardins de Eco, descobriu a lagoa de Eco e viu o seu reflexo na água. 
Apaixonando-se profundamente por si próprio, inclinou-se cada vez mais para o seu reflexo na água, acabando por cair na lagoa e se afogar.
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Narcisismo
O narcisismo tem o seu nome derivado de Narciso, e ambos derivam da palavra Grega narke, "entorpecido" de onde também vem a palavra narcótico. 
Assim, para os gregos, Narciso simbolizava a vaidade e a insensibilidade, visto que ele era emocionalmente entorpecido às solicitações daqueles que se apaixonaram pela sua beleza. 
Mas, Narciso, não simboliza apenas mera negatividade: "o mito de Narciso representa (senão para os gregos ao menos para nós) o drama da individualidade"; "ele mostra, isto sim, a profundidade de um indivíduo que toma consciência de si mesmo" em si mesmo e perante a si mesmo, ou seja, no lugar onde experimenta os seus dramas humanos (Cf.Bibliografia, Spinelli, Miguel, p.99).
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Influência
A parábola de Narciso tem sido uma grande fonte de inspiração para os artistas há pelo menos dois mil anos, começando com o poeta romano Ovídio (livro III das Metamorfoses). 
Isto foi seguido em séculos mais recentes por outros poetas como (John Keats), e pintores (Caravaggio, Nicolas Poussin, Turner, Salvador Dalí, e Waterhouse). 
No romance de Stendhal Le Rouge et le Noir (1830), há um narcisista clássico na personagem de Mathilde. Diz o príncipe Korasoff a Julien Sorel, o protagonista, sobre a sua amada:
Ela olha para ela em vez de olhar para ti, e por isso não te conhece.
Durante as duas ou três pequenas explosões de paixão que ela se permitiu a teu favor, ela, por um grande esforço de imaginação, viu em ti o herói dos seus sonhos, e não tu mesmo como realmente és.
O mito tem uma influência decidida na cultura homoerótica inglesa Vitoriana, por via da influência de André Gide no seu estudo do mito Traité du Narcisse ('O tratado de Narciso', 1891), e da influência de Oscar Wilde. 
Também, muitas personagens dos escritos de Fyodor Dostoevsky (escritor russo do século XIX) são tipos de Narcisos solitários, tal como Yakov Petrovich Golyadkin em "The Double" (Publicado em 1846). 
Ainda na literatura, Paulo Coelho, em O Alquimista, utilizou como prefácio o mito, usando também a emenda que Wilde escreveu sobre o que ocorreu depois da morte de Narciso.
Na música, Caetano Veloso utiliza o espírito do mito de Narciso em letra de Sampa, onde pretende explicar o que lhe ocorreu quando diante de São Paulo pela primeira vez:
"[...]
Quando eu te encarei
Frente a frente
Não vi o meu rosto
Chamei de mau gosto o que vi
de mau gosto o mau gosto
É que Narciso acha feio
o que não é espelho
E a mente apavora o que ainda
Não é mesmo velho
Nada do que não era antes
quando não somos mutantes
[...]"
Ficheiro:Narcissus Mazarini Louvre Ma435.jpg
Narciso, também conhecido como o "Hermafrodita de Mazarini".
 A estátua é composta por um antigo busto e uma base antiga, montados em seu estado atual em período recente.
 Mármore, Século III
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O estudo é bem grande eu sei mas vale a pena saber todos os detalhes,  conhecimento é sempre muito bom,para nós e para ajudarmos o nosso próximo.
Vamos falar mais um pouco sobre o Narcisimo:
Narcisismo descreve a característica de personalidade de paixão por si mesmo.
Freud acreditava que algum nível de narcisismo constitui uma parte de todos desde o nascimento .
Andrew Morrison afirma que, em adultos, um nível razoável de narcisismo saudável permite que um indivíduo equilibre a percepção de suas necessidades em relação às de outrem .
Em psicologia e psiquiatria, o narcisismo muito excessivo é o que dificulta o individuo a ter uma vida satisfatória, é reconhecido como um estado patológico e recebe o nome de Transtorno de personalidade narcisista.
 Indivíduos com o transtorno julgam-se grandiosos e possuem necessidades de admiração e aprovação de outras pessoas em excesso.
Em psicanálise o narcisismo representa um modo particular de relação com a sexualidade, sendo um conceito crucial para a formação da teoria psicanalítica tal qual conhecemos hoje. 
Em 1914 Freud lançou o livro Sobre a Introdução do Conceito de Narcisismo, neste livro Freud subdivide o narcisismo em duas fases:
Narcisismo primário- é a fase auto-erótica, o primeiro modo de satisfação da libido, onde as pulsões buscam satisfação no próprio corpo. 
Nesse período ainda não existe uma unidade do ego, nem uma diferenciação real do mundo.
Narcisismo secundário - ocorre em dois momentos: o investimento objetal e o retorno desse investimento para o ego. Quando o bebê já consegue diferenciar seu próprio corpo do mundo externo ele identifica quais as suas necessidades e quem pode satisfazê-las, então concentra em um objeto suas pulsões parciais, geralmente na mãe.
O narcisismo não é apenas uma condição patológica, mas também um protetor do psiquísmo.
 Um narcisismo “que promove a constituição de uma imagem de si unificada, perfeita, cumprida e inteira”. (Houser, 2006, pág. 33). 
Ultrapassa o auto-erotismo para fornecer a integração de uma figura positiva e diferenciada do outro.
Exprimir uma certa forma de narcisismo não tem nada de grave num adolescente. 
Trata-se na maior parte das vezes de uma etapa no desenvolvimento da personalidade antes de enfrentar as responsabilidades da vida adulta.
 No entanto, se o comportamento narcisístico não desaparece, e pelo contrário se exaspera, é melhor recorrer a um psicólogo.
Os termos "narcisismo" e "narcisista" são freqüentemente utilizados como pejorativos, denotando vaidade ou egoísmo.
 Quando aplicado a um grupo social, o conceito tem relação com o conceito de elitismo.
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Mas o que será etilismo?
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Elitismo é o sistema embasado no favorecimento de minorias, normalmente de membros da aristocracia. Para melhor entendimento do elitismo podemos citar este artigo:
O Elitismo provém, não da prosperidade ou de funções sociais específicas, mas de um vasto e complexo corpo de símbolos, inclusive de condutas, estilos de vestimenta, sotaque, atividades recreativas, rituais, cerimônias e de um punhado de outras características. 
Habilidades e aptidões que podem ser ensinadas são conscientes, enquanto o grande vulto de símbolos que forma o verdadeiro elitismo é inconsciente.
O elitismo pode se apresentar como diversas formas de pensamento que favorecem as mais prósperas camadas sociais. 
É amplamente criticado, principalmente na América Latina, onde predominam grupos populistas de esquerda em suposta defesa da população a nível de jus soli, no sentido de uma grande massa popular composta de pessoas de baixa renda que somadas possuem economicamente e socialmente menos peso nas decisões do rumo no planeta que apenas alguns poucos indíviduos subsidiados pelo elitismo a nível individual e familiar.
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Ficheiro:Yellow Daffodil.jpg
Para terminar, vamos conhecer a Flor:
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Narcissus L. ou narciso é um género botânico pertencente à família Amaryllidaceae. 
As cores de suas flores geralmente variam entre o amarelo e o branco. 
A sua origem é o Mediterrâneo e partes da Ásia central e a China continental mas são cultivares ornamentais difundidos em muitas outras partes do mundo, como nos Estados Unidos, no Canadá e na Argentina.
 O seu nome tem origem no personagem mitológico Narciso.
Floresce no princípio da primavera e é frequentemente encontrada em solo úmido perto de uma lagoa.
 É auto-suficiente. 
A flor tem normalmente seis pétalas brancas com um funil central amarelo contendo o estamina e o estigma.
 Ficheiro:Narcissus pseudonarcissus (S.lukas).JPG
O caule inclina-se antes da flor, pendendo de forma a que a flor esteja virada para baixo em vez de para cima.
Segundo o mito, isto é porque Narciso, o personagem mitológico, estava a olhar para baixo para o seu reflexo quando foi transformado na flor. 
Senão, o caule estaria direito e firme.
No Islão, o Hadith de Bukhari associa a flor com o homem honesto e recto. 
O símbolo também foi comparado com a transformação da vaidade e auto-centrismo na humildade de um ser mais individuado e espiritual.
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Bem espero que tenham gostado, da para ter uma boa visão da vaidade extrema.
Por isso tudo equilibrado é a melhor solução, para não sofremos e não fazer nosso próximo sofrer.
Tudo na medida certa,para não perder o fio da meada.
Fiquem a vontade para comentar e deixar seus comentários.
Eu posso falar que aprendi muito com esse estudo, espero que vocês também.
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4 comentários:

  1. Olá Claudia,

    Pelos excesso de Narciso, já podemos ver para onde leva a vaidade excessiva, excelente artigo!!

    Abraço

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  2. Aahhh vaidade...às vezes nossa amiga, às vezes inimiga...na dose certa, inteira perfeição...um cherim.

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  3. Acabei de ler o seu texto sobre a avareza e acabei por estabelecer uma relação entre um e outro. O avarento normalmente é narcisista, gosta de si, do que vê ao espelho, não pela sua beleza mas pela imagem que tem de si mesmo.
    Quanto a este texto acho-o magnífico, com uma série de ensinamentos muito interessantes, resultantes de uma grande pesquisa e que ao mesmo tempo nos leva a fazer uma reflexão sobre a nossa vaidadezinha.
    Abs

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  4. "Por isso tudo equilibrado é a melhor solução, para não sofremos e não fazer nosso próximo sofrer.Tudo na medida certa."
    Estudo interessantissimo, e com certeza muito trabalhoso, você sintetizou a coisa muito bem no trecho acima.
    Poucas vezes vi(se vi) um post tão bem trabalhado,adorei. As imagens também são lindas.

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Obrigado por sua linda presença e seu comentário.

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